quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"MITOCÔNDRIAS ANORMAIS E FIBROMIALGIA"


RESUMO
Complexo da Coenzima Q localiza-se na membrana mitocondrial interna e é responsável pelo carreamento de elétrons. A ação
interdependente de tais complexos enzimáticos é imprescindível na produção metabólica de energia ATP. A Fibromialgia (FM) é
uma citopatia associada à disfunção na produção de ATP. O ácido

á-lipoico (ALA) está sendo proposto como um potente antioxidante
otimizador da produção de energia celular. Déficits associados a substrato de transporte na cadeia respiratória são comuns, e tal
disfunção mitocondrial pode estar associada à fibromialgia. Essa revisão considera aspectos envolvidos nas possibilidades de
tratamento da FM com o ALA.
Palavras-chave: Ubiquinona. Fibromialgia. Tratamento associado ao ácido

á-lipoico.
 
sergionunespersonal.blogspot.com
 
 
INTRODUÇÃO


 
As mitocôndrias são estruturas intracitoplasmáticas
que desempenham funções vitais na produção
aeróbica de energia, sendo a única organela presente
nas células eucarióticas a possuir DNA próprio, o DNAmitocondrial
(VASCONCELLOS; LEITE; CAVALCANTE, 2007).
A cadeia transportadora de elétrons, que conduz
à fosforilação oxidativa, está presente em muitas cópias
na membrana mitocondrial interna; é formada por mais
de 40 proteínas, das quais cerca de 15 estão diretamente
envolvidas no transporte de elétrons. Segundo Alberts
(1997), a maioria das proteínas envolvidas na
fosforilação oxidativa pode ser agrupada em três
grandes complexos enzimáticos, cada um contendo
múltiplas proteínas individuais.
Os elétrons são carreados entre os diferentes
complexos por moléculas que se difundem ao longo da
bicamada lipídica, captando elétrons de um complexo
e entregando-os ao próximo, em uma sequência
ordenada (ALBERTS et al., 1997).
 
 
 
As citopatias mitocondriais são doenças
caracterizadas por disfunção na produção de energia
em forma de ATP, metabólito final da fosforilação
oxidativa de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos
(VASCONCELLOS et al. 2007).
A ubiquinona, também denominada Complexo da
Coenzima Q ou Coenzima Q10, é a forma predominante
de ubiquinona humana endógena, presente na cadeia
respiratória e definida como uma unidade oligomérica,
localizada na membrana mitocondrial interna, que têm
como função catalisar a transferência de elétrons
acoplada à translocação membranar de prótons
(DUARTE; SOUZA: VIDEIRA, 1995).
O nome ubiquinona é um reflexo da ubiquidade
desse composto, que é encontrado em praticamente
todas as células. É uma quinona lipossolúvel, que
possui uma longa cadeia isoprenoide lateral, sendo que,
na maioria dos tecidos de mamíferos, a ubiquinona
apresenta 10 unidades de 5 carbonos isoprenoides na
cadeia lateral, sendo, por isso, denominada Q10 ou
CoQ10. A coenzima Q pode ser encontrada tanto na forma
livre como funcionando em associação com uma ou
mais proteínas; duas diferentes espécies de
ferroproteínas, as que contêm o centro de ferro e enxofre.
Quando a NADH desidrogenase reduzida doa seu
equivalente de redução através dos centros de ferro e
enxofre para a ubiquinona, ela é reduzida a ubiquinol e
é regenerada a forma oxidada da NADH desidrogenase.
A função é coletar equivalentes de redução, não somente
da NADH desidrogenase, mas também de outras
desidrogenases ligadas às flavinas mitocondriais,
particularmente da succinato desidrogenase e da acetil-
CoA desidrogenase no ciclo de oxidação dos ácidos
graxos (LEHNINGER, 1985).
Assim, a CoQ10 é um componente essencial na
fosforilação oxidativa, altamente móvel, que transporta
elétrons do complexo I e II para o complexo III. E sua
forma reduzida, ubiquinol (Figura 1), tem efeito
antioxidante, protegendo a célula do dano induzido por
radicais livres (GIOVANNI et al., 2001).
 
A deficiência do Complexo da Coenzima Q está
envolvida em condições patológicas mitocondriais
incluindo a síndrome da Fibromialgia. Segundo o estudo
de Cordero e colaboradores (2009), essa síndrome está
associada à deficiência do complexo da Coenzima Q
nos tecidos musculares, o que pode constituir um
prognóstico favorável para o tratamento da
fibromialgia.
A falta de CoQ10 pode causar doenças humanas
por um ou vários processos, incluindo a atividade da
cadeia respiratória reduzida, a produção reforçada de
espécies reativas de oxigênio e o aumento da
suscetibilidade a tais radicais livres, ou ambos, além
do comprometimento na síntese de pirimidinas (QUINZII
et al., 2008).
O presente estudo visa a analisar a ação do ácido


á

-lipoico sobre o complexo da coenzima Q no tratamento
da fibromialgia.


FIBROMIALGIA


 

As doenças musculoesqueléticas são extremamente
prevalentes e representam causas de sofrimento
humano, gastos em saúde pública e perda de produtivi
dade. Estudos têm apontado índices elevados de
ineficácia e iatrogenia, além de elevado custo no
tratamento exclusivamente medicamentoso (BRIOSCHI
et al., 2009).
A fibromialgia (FM) é uma síndrome reumática
caracterizada por dores musculoesqueléticas
(generalizadas e crônicas) e pela presença de pontos
dolorosos, chamados

tender points, em regiões
anatomicamente determinadas. É considerada uma
síndrome porque engloba uma série de manifestações
clínicas, como dor, fadiga, indisposição, distúrbios do
sono, entre outras, o que prejudica a qualidade de vida
do indivíduo (DE PAULA et al., 2006).
Trata-se de uma condição altamente incapacitante,
em que o paciente apresenta quadros de dor
generalizada mediante estímulos mecânicos periféricos,
piorada por distúrbios nos mecanismos supressores
analgésicos endógenos (LOURENÇO, 2007).
Outros sintomas relatados com frequência são
os estados depressivos, ansiedade, sintomas
compatíveis com síndrome do pânico, fadiga (em
especial pela manhã), déficit de memória, desatenção,
obstipação ou diarreia (sintomas compatíveis com
síndrome do cólon irritável), distúrbios funcionais da
articulação temporo-mandibular secundários ao
bruxismo, boca seca, cefaleia tensional ou enxaqueca.
O perfil psicológico dos pacientes está associado ao
perfeccionismo, à autocrítica severa, à busca obsessiva
do detalhe (WEIDEBACH, 2002).
Anteriormente denominada fibrosite, a FM não
era considerada uma patologia clinicamente bem
definida até a década de 70, quando foram publicados
os primeiros relatos sobre os distúrbios do sono,
incluindo as análises polissonográficas, que permitiram
um aprofundamento na investigação
etiopatogênica (WEIDEBACH, 2002).
A prevalência da FM é de aproximadamente 2%
na população geral, representando 15% das consultas
em ambulatórios de reumatologia e de 5 a 10% nos
ambulatórios de clínica geral. A proporção é de 6 a 10
mulheres para um homem, sendo nesse gênero que se
manifesta um grande impacto na qualidade de vida
(PROVENZA; POLLOCK; MARTINEZ, 2004). Dessa forma, a
fibromialgia acomete predominantemente indivíduos do
gênero feminino (90%), sem distinção de raça, com
prevalência numa faixa etária entre 30 e 60 anos
(SENNA; BARROS; SILVA, 2004).
Lourenço (2007) propõe como explicação para a
diferença na prevalência da doença entre homens e
mulheres, influências genéticas, diferenças hormonais,
metabólicas, comportamentais e emocionais, que podem
interferir na percepção da dor entre os gêneros. Propõese
ainda que a mediação neuroquímica da analgesia
possa ser influenciada por hormônios sexuais; antiinflamatórios
não esteroides, por exemplo, tendem a
agir de forma mais eficaz em homens, conferindo menor
eficácia entre mulheres na fase lútea do ciclo menstrual

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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